segunda-feira, 14 de junho de 2010

UNIVERSIDADE DE CHICAGO II

ROBERT PARK
Dirige a Escola de Chicago entre 1920-1930, trazendo como preocupação para a Escola os meios de comunicação e a formação de opinião pública, lugar central no pensamento de autores como Cooley, Lippman, Park, Mead, Burgess e Blummer;
- A Escola de Chicago vai ser conhecida pela “Ecologia Urbana”, isto é, além da dimensão da biologia, introduzia também a dimensão cultural, entendendo que as pessoas na sociedade competem entre si.
A ECOLOGIA HUMANA
-
Park encontra inspiração no darwinismo social e afirma que a cidade é interpretada pela ideia da biologia evolucionista.
- No agir humano existem dois níveis: um biótico, pelo qual os indivíduos entram em competição, e um cultural, onde os actores sociais encontram os ideiais de ordem moral;
- O agir e a deslocação no território das diversas populações é interpretado à luz da luta pela sobrevivência e pelo conflito: os habitantes mais fortes de um ambiente urbano tendem a ocupar as posições mais vantajosas, enquanto que os outros se adaptam;
- As relações entre os indivíduos têm um carácter de oposição (competição, conflito, selecção)
ROBERT PARK E ERNEST BURGESS defenderam que, numa área socialmente desorganizada, os valores e as normas dominantes competem com outras normas e valores, por vezes ilegítimos
- Várias culturas entram em conflito, quebra-se a coesão social e o desvio social é um resultado comum.
- Acreditavam que os problemas sociais originavam da natureza desorganizada da vida nas grandes cidades
- Dividiram a cidade em várias zonas distintas, num modelo de círculos concêntricos a partir do centro da cidade. Depois, usando a estatística oficial, mostraram quanto mais retirado do centro da cidade, mais baixa a incidência de problemas sociais. Zona fabril e zona de transição: transeuntes, imigrantes, acabados de chegar; zona operária: família de emigrantes de 2ª ou 3ª geração; zona operária; zona residencial: proprietária; zona periférica rica: classe média-alta brancos


Park e o comportamento colectivo
Relacionou o comportamento colectivo com um organismo, uma vez que quando este actua responde a um estímulo do seu ambiente. Assim, pode agir porque os seus vários orgãos são plenamente integrados, como resultado da sua evolução biológica dentro de um habitat.
No comportamento individual humano, no entanto, esta coordenação não é automática ou instintiva, mas ocorre como um resultado de deliberações emocionais e intelectuais que
processam a coordenação (controlo social).
- Teoria do comportamento colectivo de Park: a comunicação como um processo alargado de socialização e de iniciação à vida colectiva, mas onde o processo de socialização e de envolvimento com os outros pode gerar novas formas culturais, em especial quando se confrontam com novas e anómalas situações, para as quais é preciso consensos (pragmatismo).
- Comportamento colectivo: sobretudo a interacção comunicativa, onde os índividuos constituíam e mantinham valores culturais em comum e agiam em conjunto.
- Na interacção comunicativa, os valores culturais também eram desenvolvidos e modificados.
- Como tal, o comportamento colectivo engendrava controle social pela evolução e a disseminação de uma ordem normativa e a contribuição para o comportamento social o
rganizado.

Park e os jornais
- As notícias e os jornais eram, para Park, tipos de interacção comunicativa. As notícias eram a circulação de relatórios de eventos dentro de uma comunidade, cujo processo podia ter consequências sociais específicas. Os jornais eram instituições que promoviam a interacção comunicativa pela circulação de certas formas de notícia. Assim, as notícias e os jornais engendravam tipos típicos de controle social e de modificação cultural.
- Os jornais eram sobretudo instituições urbanas: o tamanho, a dimensão e a complexidade da organização social significava que a comunicação face-a-face e de pequena escala tinha de ser complementada com fontes de informação mais extensivas e mais rápidas. Os jornalistas contribuiam para um processo de adaptação.
- Park alargou a sua teoria do comportamento colectivo às notícias e aos jornais, vendo interesse nas notícias como criadoras de “atenção pública”.
- Através das notícias, e da sua discussão informal, um grupo poderia ser orientado no seu ambiente. É quando a atenção de todos está dirigida para uma situação que se pode desenvolver uma atenção e uma deliberação colectiva.
- A sociologia de Park dos jornais abrangeu dois temas relacionados
-> As notícias e o poder da imprensa
-> As diferentes formas culturais do discurso do jornal
- “News and the Power of the Press” (1941) : Park distinguiu entre uma esfera pública de elite e uma esfera pública popular e ligou cada uma delas a uma parte específica do jornal.
1. Editorial: para a esfera pública de elite (políticos, líderes partidários e intelectuais); tendo as suas origens na carta ao editor, o editorial estava desenhado para interpretar as notícias por uma filosofia política consistente e coerente. Park acreditava que a página editorial e a esfera pública de elite podiam ter uma influência significativa e controle sobre a sociedade política.
2. A coluna noticiosa: organizava a discussão política entre cidadãos vulgares.
- Park defendia que o jornalista não estava forçado pelas exigências da coerência filosófica mas sim pelo objectivo de alargar o círculo de leitores.
- Ao publicar notícias que fossem de interesse para uma gama mais vasta de leitores, o jornalista ajudava a aumentar o número de pessoas que sabiam o que se passava na sua sociedade -> desenvolvimento da formação da opinião pública.

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