segunda-feira, 14 de junho de 2010

A comunicação como acção dramática II

Expressão
- Comunicação voluntária (no sentido limitado e tradicional)
- Informação “deixada transparecer”

Definição da situação : consenso operacional
- Gostamos de pensar que não estamos demasiado preocupados com a impressão que emitimos aos outros. Se estivermos constantemente preocupados com a nossa imagem, somos vistos como tendo vaidade, ou como fúteis, ou até manipuladores e enganadores. Poderiam até pensar de nós como não sendo verdadeiros para connosco próprios.
- Se usarmos uma linguagem diferente, vestuário, comportamento,maneiras, e outros instrumentos de gestão de impressão no trabalho, na aula, em casa, com amigos, na rua, numa festa, qual é o nosso verdadeiro Eu?
- Goffman pensa que as pessoas na nossa sociedade muitas vezes confundem as personagens que as pessoas desempenham com o seu Eu. Ao mesmo tempo, ele reconhece que há algo nos bastidores que maneja as impressões, que é a fonte das performances de gestão de impressão.
- Ele distingue entre o Eu como uma “personagem” e o Eu como um “actor”.
- Apresentamo-nos como personagens diferentes em momentos diferentes das nossas vidas. Isto não significa que estejamos a ser “falsos” quando nos apresentamos diferentemente a pessoas/situações diferentes.
- O sujeiro não é uma entidade permanente. É passageiro e temporal.
- Não temos um Eu “verdadeiro”.
- A honestidade e a simplicidade nas interacções face-a-face seriam “um ideial optimista”.


Critérios de Avaliação
Que critérios usa o público para avaliar a realização do actor?
1. Se o desempenho do papel combina com as expectativas face a esse mesmo papel
2. Siceridade do desempenho. Devemos acreditar que o actor é sincero no seu desempenho.


Uma performance inclui impressões que são intencionalmente “dadas”, mas também incluem impressões que são involuntariamente “emitidas” – possivelmente porque o actor está nervoso, se contrai, sua, evita o contacto visual, etc.
- > A audiência perscruta constantemente o desempenho do actor.


Geralmente, espera-se que o público aplauda e apoie o actor – mesmo que a sua performance não seja boa.
Por exemplo, se um actor tem um faux pax esquecendo o que tem para dizer, espera-se que o público mostre tacto – o público toma parte em acções que procuram “salvar a face”. Pode ignorar polidamente o falhanço ou até sustentá-lo.
Raramente o público critica abertamente um desempenho de papel. Afinal, podemos ser solidários com o actor porque somos também actores.


Desempenhos (representação)
As acções especificas do indivíduo perante um grupo de observadores (público) que se destina a obter junto desse público um determinado efeito (imagem de si), contando, à partida, uma exigêngia de credibilidade.
- Fachada : Constituida pelas circunstâncias sociais em que os indivíduos agem segundo papeis formalizados e codificados, organizando “representações cénicas”
- Bastidores : Constituido pelos espaços em que os indivíduos preparam os dispositivos cénicos e se preparam para a interacção que acontecerá no contexto mais formal da fachada

Fachada
A parte da representação do indivíduo que ele trabalha do modo fixo e generalizado. É um equipamento expressivo estandardizado que é usado mais ou menos voluntariamente durante a representação.
Quadro (cenário) : mobilia, ornamentos, equipamento físico – todos os detalhes do contexto que fornecem o cenário para as acções que acontecem no seu interior.
Fachada pessoal : o equipamento expressivo que identificamos estritamente com o próprio actor e que ele transporta consigo : sexo, raça, vestuário, aspecto,modo de falar, expressões faciais, gestos.

Idealização
· O modo como a representação é “socializada”, formada e modificada de modo a ser adoptada à compreensão e às expectativas da sociedade na qual é apresentada.
· A socialização fornce-nos a uma base para actuar apropriadamente em qualquer situação, mas também uma frente ideal de cada situação específica.
· A idealização é uma reconfirmação das regras sociais e dos estereótipos implícitos.


Manutenção do controlo expressivo
· As apresentações “desacreditadas” causam:
- embaraço;
- hostilidade.


O problema dos gestos involuntários e das gaffes
- O actor transmite de forma acidental incapacidade ou incorrecção ao perder momentaneamente o controlo sobre si próprio: tropeçar, bocejar, flatulências
- O actor transmite a impressão de que está demasiado ansioso pela interacção ou desinteressado dela: gaguejar, esquecer o seu papel.

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