segunda-feira, 14 de junho de 2010

ESCOLA DE PALO ALTO II

Códigos digitais e analógicos
Na comunicação humana podemos representar as realidades ausentes usando dois tipos de códigos:
Os códigos digitais que possuem uma sintaxe definida e complexa
- Ex: código das línguas naturais e o sistema numérico que não permitem nenhuma interpretação arbitrária. Utilizam unidades discretas que são articuláveis e que se podem combinar.
Os códigos analógicos que têm continuidade entre expressão e conteúdo.
- Não há ruptura entre expressão e conteúdo.
Ex: existe uma relação de continuidade entre o número 4 e o gesto que mostra 4 dedos da mão.


Digitalidade e analogia constituem duas formas diferentes de expressão.
- A realidade é por natureza analógica.
- Quando utilizamos códigos digitais para nos referirmos a ela (ex: a língua), segmenta-se de forma fictícia essa realidade, criando lacunas ou vazios que as palavras não cobrem.


O Homem depende sobretudo da comunicação analógica:
- a comunicação digital é importante no que toca à troca de informação sobre os objectos com vista à transmissão do conhecimento…
…mas…
- a comunicação analógica é mais eficaz para assinalar intenções e indicações de humor e para, assim, definirmos a natureza das nossas relações.


COMUNICAÇÃO ANALÓGICA
- Caracteriza-se por ser menos abstracta, pois os sinais são contínuos;
- Os sinais mantêm uma ligação ao referente (são símbolos analógicos);- Tem uma semântica muito rica, mas não a sintaxe apropriada a uma definição inequívoca da natureza das relações, pois não permite discernir quais os sentidos que devem ser atribuidos a determinados signos.

COMUNICAÇÃO DIGITAL
- É considerada um fenómeno discreto e descontínuo, pois um sinal tem necessariamente de acabar para que possa surgir outros que lhe suceda;
- Os sinais que utiliza não têm uma relação natural com a realidade representada (são signos arbitrários);

- Baseia-se numa sintaxe lógica bastante complexa e bastante eficaz, mas não tem uma semântica apropriada à relação.

Relação e conteúdo
Em toda a interacção, a comunicação estabelece-se a um duplo nível:
O conteúdo da mensagem: função referencial
- dimensão semântica que vincula o que se comunica a um referente;
A relação entre os comunicantes: função conotativa
- aqui, o objecto de referência é a própria relação. O aspecto relacional pode ser entendido como uma mensagem a propósito da primeira mensagem, que indica o modo como aquela deve ser interpretada.
- situa-se num nivel meta-comunicativo.


Duplo nível da comunicação
- Não descodificamos apenas o significado da mensagem, também lhe atribuímos um sentido preciso;
- Ambos os planos – significado e sentido – situam-se a diferentes níveis lógicos: o conteúdo da mensagem verbal encontra-se dentro de outra mensagem -metacomunicativa – que se situa a um nível lógico superior e o rotula.

Quer dizer, na comunicação trocam-se expressões a diferente nível lógico:
- umas que indicam se as mensagem são afectuosas, humorísticas, metafóricas, etc.
- outras que devem ser descodificadas como membros de outra classe lógica, de nível inferios, que têm que ver com os conteúdos.

Relação e conteúdo
- Propriedade fundamental da comunicação envolvida na solução: dois níveis de comunicação;
- Ao prisioneiro foram dadas duas ordens de informação muito distintas: a primeira tem que ver com objectos impessoais (as portas) e a outra com seres humanos como emissores de informação.
- O prisioneiro tem de usar informação sobre os objectos (as portas abertas ou fechadas) juntamente com a informação sobre esta informação (a forma como os guardas comunicam a informação certa aos outros).

Confusão de níveis?
O que acontece quando a comunicação e metacomunicação se confudem?
Ex: “Eu estou a mentir”
- Ao nível da comunicação, o enunciado é, simplesmente: “o que estou a dizer é falso”. Mas, ao nível da metacomunicação, isto é, ao nível das regras de interpretação, o enunciado significa: “o que eu estou a dizer é: o que eu vos digo ao primeiro nível da comunicação é estritamente verdade”.

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