segunda-feira, 14 de junho de 2010

Meios quentes e frios

- O meio quente exclui porque não deixa margem para dúvidas. Não fica nada nas entrelinhas.
A fotografia é um meio quente porque não é preciso dizer nada. O indivíduo não está directamente envolvido; O alfabeto fonético é segundo o autor um meio quente na medida em que esta tudo absolutamente explicado.
- A língua é um meio frio na medida em que há participação dos indivíduos.
O telefone é um meio frio porque a transmissão não permite a captação de tudo aquilo que se quer dizer. Outras formas de escrita (ideogramas) obrigam também a uma participação (são por isso frios) porque existe uma maior hipótese de interpretação de quem lê.
- O autor refere ainda no texto as diferentes formas de pensar. Fala das civilizações orientais e caracteriza-as como baseadas na oralidade. Enquanto que as sociedades ocidentais baseiam-se no alfabeto fonético e estruturam o seu pensamento nesta base.
- A razão porque tudo se organiza numa relação de causa-efeito de acordo com Mcluhan baseia-se no alfabeto, na utilização da língua.
- Diz ainda o autor que a forma como se organiza a sociedade e os meios que tem à sua disposição são factores que condicionam as sociedades.
- O autor fala ainda da capacidade do ser humano de se distanciar do objecto através da língua.
- O homem está do ponto de vista biológico perante um enorme fluxo de informação. O nosso mundo ganha forma a partir do momento em que existe a linguagem.
- Para o autor o mundo para o homem é um objecto. Para um bebé as coisas existem apenas quando estão no campo de visão e só depois num estádio mais adiantado ele começa a perceber o mundo através da linguagem. Relacionamos o mundo como um objecto exterior a nós percebido através da linguagem.

Aldeia Global

Mcluhan foi o primeiro a falar do conceito de aldeia global.
- Numa tribo todos sabem exactamente aquilo que o outro tem de fazer porque todos se conhecem e identificam-se com o grupo. Isto vai conta a ideia de vida selvagem, feliz. O papel do ser humano está muito bem definido, partilham o mesmo mundo através de tradições, crenças, filosofias e sobretudo através do conhecimento do indivíduo.
- Com a era da mecânica e a sociedade industrial o ser humano posiciona-se no processo produtivo cujos processos económicos se organizam numa sociedade privada.
- Com a invenção da electricidade do ponto de vista do autor volta-se à ideia de aldeia global, ao conhecimento de todos, talvez uma estandardização do pensamento. Há sinais evidentes. Temos na sociedade uma espécie de tribos com comportamentos típicos de tribos, por exemplo o futebol. Pintam-se as caras, fazem-se identificar uns com os outros. Há comportamentos que fazem lembrar as tribos. Os grupos de jovens delinquentes são outro exemplo que ilustra esta ideia de tribo. Têm um código de comportamentos e regras muito específico desse grupo.
- A ideia do indivíduo que nasce livremente é uma ideia da sociedade industrial. Por outro lado o indivíduo nasce também numa sociedade tribal, tem consciência de que faz parte dessa sociedade e tem de pautar o seu comportamento com base nos hábitos e tradições dessa mesma tribo. O autor dá sobretudo muita importância à electricidade porque ela veio permitir a eliminação do espaço e do tempo.

A comunicação como meio III

Introdução num mundo global: duas características da análise sensorial, calor e frio (exclusão e inclusão)
Critérios para distinguir meios frios e meios quentes
- a definição dos dados transmitidos através de um meio
- o grau de participação da audiência para “completar” o meio

Há uma regra básica que nos permite distinguir um meio quente, como a rádio ou o cinema, de um meio frio, como o telefone ou a televisão. Um meio quente é aquele que estende ou prolonga um único sentido em "alta definição". A alta definição é o modo de ser plenamente saturado de informação, ou seja, é o estado de ser bem abastecido de dados. Visualmente, uma fotografia é uma alta definição, uma caricatura é um definição baixa, pela simples razão de que dá muto pouca informação visual.

Telefone: meio frio porque porque o ouvido recebe apenas uma pequena quantidade de informação

Fala: meio frio porque porque nos dá muito pouco, exigindo da parte do ouvinte um processo de preenchimento.

Os meios quentes, por outro lado, não deixam tanta coisa a ser preenchida ou completada pelo público. Como tal, os meios quentes requerem uma baixa participação ou completamento por parte do público. Daí que um meio quente, como a rádio, tenha, naturalmente, efeitos sobre o seu utilizador muito diferentes dos de um meio frio como o telefone.


Quentes: altamente definidos; não exigem mais do que uma participação pessoal fraca. (Ex: escrita, imprensa, rádio, cinema, fotografia)
Frios: pouco definidos; exigem uma forte participação pessoal. (Ex: oralidade, telefone, diálogo, BD, televisão)



A caracterização da televisão como um medium frio?
- a ênfase de McLuhan na extensão de um sentido relativamente aos outros
- o foco intenso e singular no ouvido: a rádio como um medium quente.

Determinismo tecnológico
A mudança social é determinada pela natureza e função da tecnologia, não pela acção humana consciente.

McLuhanismos
- A história da América moderna começa com a descoberta do homem branco pelos índios.
- Só pequenos segredos precisam de protecção. As grandes descobertas são protegidas pela incredulidade pública.
- Com o telefone e a televisão não é tanto a mensagem quanto o emissor que é emitido.
- O dinheiro é o cartão de crédito dos pobres.
- A invenção é a mão das necessidades.
- A resposta está sempre dentro do problema, não fora.
- O especialista é aquele que nunca fez pequenos erros no seu caminho para a grande falácia.
- Um dos grandes luxos de ser grande é o luxo de imaginar-se pequeno.


Guru e visionário
- Os meios de comunicação electrónicos são, numa metáfora, como a rede neural do córtex vertebral.
- McLuhan antecipou a importância do computador e a extensão global da televisão

A comunicação como meio II

A Aldeia Global
· Generalização dos meios de comunicação electrónica – permite a comunicação entre pessoas muito afastadas no espaço. O mundo converte-se numa aldeia.
· O mundo é uma aldeia porque a acção e a reacção são imediatas.


A evolução da sociedade
· Uma nova tecnologia provoca uma nova organização sensorial e esta pressupõe uma nova organização social global.
- Evolucionismo
· O centro da dinâmica social são os media
· O que implica cada novo medium no tecido social?
- Caracterizar o processo global de evolução da Humanidade


O mundo passou de uma era para outra graças aos novos desenvolvimentos das tecnologias da comunicação.

Efeitos das inovações: imprensa
Modificação da percepção pelos sentidos e dos processos cognitivos.
i. Enfraqueceu a comunicação oral, estabelecendo uma cultura mais visual
ii. Promoveu a interpretação do mundo de um modo linear, causa-efeito.
iii.Deslocou a comunicação e a interacção face-a-face, tornando a informação mais abstracta.
iv.Alimentou o individualismo, a privacidade, racionalidade e diferenciação social
v. Encorajou a visão de um mundo como composto de objectos separados
vi. Permitiu a estandardização das línguas nacionais

Efeitos da inovação da televisão
i.
Permite uma comunicação instantânea;
ii. Ajuda os espectadores a alcançar um maior equilíbrio sensorial. Ao contrário da imprensa, não assenta apenas num sentido
iii.É mais socialmente inclusivo do que a imprensa
iv. Desenvolveu uma nova era de democracia global numa “aldeia global”

A comunicação como meio (McLuhan)

· Década de 60: analisar as influências dos media enquanto tecnologias
· Medium Theory, de onde se destacam Harold Innis e Marshal Mcluhan
· Localizar as características formais da comunicação como os motores do processo histórico, das organizações sociais e da própria consciência sensorial.
· Teoria da comunicação que tem subjacente um modelo técnico-antropológico.


McLuhan adopta e desenvolve duas linhas de raciocínio:
- as revoluções nos meios de comunicação implicam mudanças invisíveis nos sistemas de conhecimento e na cultura
- compreender o significado da perda da cultura oral na sociedade ocidental

· Em Mechanical Bride (1951) oferece uma crítica da fragmentação, da comercialização e da mecanização do ser, operadas pelos media (publicidade).
· The Gutenberg Galaxy (1962) e Understanding Media (1964) permitiram-lhe expor uma interpretação da história.


Understanding the media: The Extensious of Men
· O meio é a mensagem: primeiro capítulo, anuncia o seu slogan mais conhecido.
· Devemos concentrar-nos nas suas propriedades formais, não no seu conteúdo: a sua presença material.
· O meio tecnológica determina não apenas o seu uso mas a própria comunicação e a cultura.
· A introdução de um meio na cultura comporta uma mudança no equilíbrio sensorial da sociedade.
· O conteúdo não é especialmente relevante. O que muda as coisas é o próprio meio.


O meio é a mensagem
Isto significa apenas que as consequências pessoais e sociais de qualquer meio - ou seja, de qualquer extensão de nós próprios - resultam da nova escala introduzida nos assuntos humanos por cada extensão de nós próprios, por qualquer nova tecnologia.
Meio e mensagem funcionam a par, dado que um pode conter o outro: o conteúdo converte-se na mensagem do meio que a contém.
A «mensagem» de um meio é toda a mudança de escala, ritmo ou comportamento que esse meio provoca nas sociedades ou culturas.
Ex: o caminho-de-ferro

O meio é a massagem?
The medium is the massage (mass-age)
Envolve-nos inteiramente, formando o ambiente que nos dá forma.
Como ambientes naturais, os media afectam-nos.
Qualquer compreensão da modificação social e cultural é impossível sem um conhecimento do funcionamento dos media como um ambiente.

Os media como extensões do Homem
· Os media são extensões artificiais das faculdades humanas naturais.
· A extensão de um sentido particular tende a transformar o equilíbrio dos sentidos e a percepção e pensamento.


· Os media são extensões dos nossos sentidos e das nossas funções:
- a roda – extensão do pé;
- a escrita – extensão da vista;
- o vestuário – extensão da pele;
- os circuitos electrónicos – extensão do sistema nervoso central.

Como os sentidos e as suas extensões configuram três etapas da Humanidade
· McLuhan, num olhar histórico, descreve três eras da Humanidade:
- Era da comunicação oral;
- Era da comunicação escrita;
- Era electrónica ou aldeia global.


Passagem de umas fases para as outras: causada pelas mudanças nas tecnologias da comunicação.
A invenção do alfabeto – fim da primeira etapa de cultura oral;
Imprensa do tipo móvel – radicaliza as condições da etapa anterior;
Invenção do telégrafo – processo de descobertas que culminarão na televisão.


1. Era Pré-Alfabética ou Oral
Primeiros tempos da humanidade – palavra
- Ligação numa unidade de espaço e de tempo;
- “Um estado de natureza”;
- O tempo e o espaço são circulares;
- Era tribal: todos os homens eram iguais na tribo;
- O ouvido predominava sobre a visão;
- A palavra falada – o meio mais completo de comunicação.



2. Era Alfabética : A Galáxia de Gutenberg
- Introdução do alfabeto fonético – ruptura entre o olho e o ouvido; culminou com a imprensa de tipo móvel como fase final da cultura alfabética: Galáxia Gutenberg;
- Retirou o homem do paraíso tribal;
- A comunicação passou a ser individual, impessoal e solitária;
- O orgão de sentido é o da visão.


3. Era de Marconi : A Aldeia Global
- A era de Marconi ou galáxia reconfigurada marcada pelo aparecimento dos media electrónicos: o sentido já não é apenas a visão mas a audição.
- Reconstituição do tipo de relacionamento Pré-Gutenberg
- Aldeia Global: regresso à oralidade, à supressão de fronteiras e à instantaneidade na transmissão de conhecimentos.

A comunicação como acção dramática III

Manutenção do controlo expressivo
· As pessoas utilizam “práticas preventivas” para evitar os embaraços de performances desacreditadas:
- Práticas defensivas;
- Práticas protectoras;
- Tácticas.
Estas tácticas “salvaguardam a impressão criada por um indivíduo durante a sua presença perante os outros”


Revelação e encobrimento
· As pessoas criarão a impressão de si próprias que as coloca à luz melhor possível e esconderão, o que é impróprio e incorrecto.
· ‘ Persona pública ’ que se comporta correctamente
· ‘ Persona privada ‘ pode fazer coisas condenáveis num certo ambiente.


Equipas
· As pessoas actuam em conluio umas com as outras.
· Pertencemos a equipas nas quais actuamos como parte de um grupo: família, amigos, colegas.


Regiões
· Região: zona de um conjunto certo e específico de comportamentos.
- “Região de fachada”
- “Região de traseiras” ou bastidores
- > Há regiões completamente simbólicas, não são sempre só físicas


As regiões de fachada são as situações ou encontros sociais em que os indivíduos assumem papéis formais (são representações sobre o cenário).
Ex: num casamento pode não existir discussões entre um casal à frente dos filhos para lhes dar uma sensação de harmonia
As regiões traseiras (bastidores) são aquelas em que as pessoas recolhem as suas ferramentas e se preparam para a interacção em situações mais formais. São como o espaço dos bastidores de um teatro ou as actividades que se realizam por detrás da câmara no cinema.
Ex: uma empregada pode ser o vivo retrato da cortesia quando serve um cliente num restaurante e transformar-se numa pessoa que grita e protesta quando desaparece por detrás das portas da cozinha.


Segredos e Mentiras
· Problemas fundamentais em numerosos desempenhos:
- segredos inconfessáveis;
- segredos estratégicos;
- segredos internos.

Representações colectivas: as equipas
· Os actores representam muitas vezes em equipas, que pedem a cooperação de mais participantes para a definição de uma situação.
· Eles formam a euipa não em relação a uma estrutura, mas a uma interacção.
· As equipas fundamentais são:
- Equipas de desempenho (os actores)
- O público

Equipas
· Interdependência recíproca: nenhum indivíduo pode sair da representação.
· Os membros de uma equipa cooperam na definição da situação, guardando segredos e cobrindo os erros dos outros e defendendo os próprios membros face ao público.
· A equipa representa uma apresentação idealizada baseada num «princípio da unanimidade»
· Para que a representação funcione é fundamental que os actores e o público não se misturem.

Equipas em contacto
· Encontro entre membros de equipas diferentes projecta uma situação de cordialidade.
· Uma vez fora de contacto: pode haver um comportamento diferente.
· As equipas apresentam convivência.

· Porque pode haver “incidentes” na representação, são necessárias práticas defensivas da equipa: lealdade, disciplina, circunspecção.

A comunicação como acção dramática II

Expressão
- Comunicação voluntária (no sentido limitado e tradicional)
- Informação “deixada transparecer”

Definição da situação : consenso operacional
- Gostamos de pensar que não estamos demasiado preocupados com a impressão que emitimos aos outros. Se estivermos constantemente preocupados com a nossa imagem, somos vistos como tendo vaidade, ou como fúteis, ou até manipuladores e enganadores. Poderiam até pensar de nós como não sendo verdadeiros para connosco próprios.
- Se usarmos uma linguagem diferente, vestuário, comportamento,maneiras, e outros instrumentos de gestão de impressão no trabalho, na aula, em casa, com amigos, na rua, numa festa, qual é o nosso verdadeiro Eu?
- Goffman pensa que as pessoas na nossa sociedade muitas vezes confundem as personagens que as pessoas desempenham com o seu Eu. Ao mesmo tempo, ele reconhece que há algo nos bastidores que maneja as impressões, que é a fonte das performances de gestão de impressão.
- Ele distingue entre o Eu como uma “personagem” e o Eu como um “actor”.
- Apresentamo-nos como personagens diferentes em momentos diferentes das nossas vidas. Isto não significa que estejamos a ser “falsos” quando nos apresentamos diferentemente a pessoas/situações diferentes.
- O sujeiro não é uma entidade permanente. É passageiro e temporal.
- Não temos um Eu “verdadeiro”.
- A honestidade e a simplicidade nas interacções face-a-face seriam “um ideial optimista”.


Critérios de Avaliação
Que critérios usa o público para avaliar a realização do actor?
1. Se o desempenho do papel combina com as expectativas face a esse mesmo papel
2. Siceridade do desempenho. Devemos acreditar que o actor é sincero no seu desempenho.


Uma performance inclui impressões que são intencionalmente “dadas”, mas também incluem impressões que são involuntariamente “emitidas” – possivelmente porque o actor está nervoso, se contrai, sua, evita o contacto visual, etc.
- > A audiência perscruta constantemente o desempenho do actor.


Geralmente, espera-se que o público aplauda e apoie o actor – mesmo que a sua performance não seja boa.
Por exemplo, se um actor tem um faux pax esquecendo o que tem para dizer, espera-se que o público mostre tacto – o público toma parte em acções que procuram “salvar a face”. Pode ignorar polidamente o falhanço ou até sustentá-lo.
Raramente o público critica abertamente um desempenho de papel. Afinal, podemos ser solidários com o actor porque somos também actores.


Desempenhos (representação)
As acções especificas do indivíduo perante um grupo de observadores (público) que se destina a obter junto desse público um determinado efeito (imagem de si), contando, à partida, uma exigêngia de credibilidade.
- Fachada : Constituida pelas circunstâncias sociais em que os indivíduos agem segundo papeis formalizados e codificados, organizando “representações cénicas”
- Bastidores : Constituido pelos espaços em que os indivíduos preparam os dispositivos cénicos e se preparam para a interacção que acontecerá no contexto mais formal da fachada

Fachada
A parte da representação do indivíduo que ele trabalha do modo fixo e generalizado. É um equipamento expressivo estandardizado que é usado mais ou menos voluntariamente durante a representação.
Quadro (cenário) : mobilia, ornamentos, equipamento físico – todos os detalhes do contexto que fornecem o cenário para as acções que acontecem no seu interior.
Fachada pessoal : o equipamento expressivo que identificamos estritamente com o próprio actor e que ele transporta consigo : sexo, raça, vestuário, aspecto,modo de falar, expressões faciais, gestos.

Idealização
· O modo como a representação é “socializada”, formada e modificada de modo a ser adoptada à compreensão e às expectativas da sociedade na qual é apresentada.
· A socialização fornce-nos a uma base para actuar apropriadamente em qualquer situação, mas também uma frente ideal de cada situação específica.
· A idealização é uma reconfirmação das regras sociais e dos estereótipos implícitos.


Manutenção do controlo expressivo
· As apresentações “desacreditadas” causam:
- embaraço;
- hostilidade.


O problema dos gestos involuntários e das gaffes
- O actor transmite de forma acidental incapacidade ou incorrecção ao perder momentaneamente o controlo sobre si próprio: tropeçar, bocejar, flatulências
- O actor transmite a impressão de que está demasiado ansioso pela interacção ou desinteressado dela: gaguejar, esquecer o seu papel.

A comunicação como acção dramática (Goffman)

No estudo da vida quotidiana presta-se atenção:
- às rotinas : repetição dos modelos do comportamento que conferem a forma e a estrutura à nossa actividade;
- à construção social da realidade : a realidade não é fixa ou estática, mas é recriada continuamente através das interacções sociais;
- ao modo como os modelos de interacção social influenciam os sistemas e as instituições de dimensão mais ampla.

A interacção
Interacção : “ a influência recíproca dos indivíduos sobre as acções uns dos outros numa situação de presença física imediata “
- O todo das acções recíprocas e directas na presença física de outros indivíduos ou, pelo menos, dentro do seu campo de visão ou auditivo
- As interacções sociais constituem o cruzamento entre as instituições e as decisões individuais: são o “espelho” das relações, do poder, da autoridade, da organização.
- >As interacções centram-se em pequenos processos mas estes estão ligados a outros de maior amplitude.
- O material do estudo do Goffman é a observação do comportamento, como o todo das proposições faladas, dos olhares, gestos e atitudes com que os indivíduos enfrentam e definem uma situação
- Estes comportamentos são guiados por uma capacidade prática inconsciente. As acções, como factos sociais, tornam-se necessárias para os indivíduos, constituindo “uma ordem de interacção”
- Goffman pretende compilar uma espécie de gramática dos comportamentos

O Eu comunicativo
- O Eu é contingente, dependendo das circunstâncias e rituais da interacção: apresentamos o Eu “certo” segundo as normas de situações sociais específicas.
- O modelo de Goffman supõe que os seres humanos desejam aprovação. Desejamos ser aplaudidos, portanto apresentamos a melhor face que podemos.
- A aparência é importante.
- Não só “agimos”, como “actuamos” pela comunicação.
- Exprimimos o modo como queremos ser vistos.
- Temos em mente os significados dos nossos actos.
- Assumimos o papel do outro.
- Esperamos continuidade do comportamento social.
- As nossas acções comunicativas têm padrões conforme o nosso status e os grupos a que pertencemos.
- O Eu constrói-se na interacção comunicativa.
- A interacção social tem padrões – não é aberta a toda e qualquer definição e negociação do significado. Tem de ser feita:
- com outras pessoas;
- com os constrangimentos estruturais que afectam as pessoas (status, papéis)


Teoria da comunicação em Goffman
Teoria : estrutura dos encontros sociais que podem ser investigados construindo “os quadros (os pontos de referência) usados pelas pessoas para interpretar e “organizar” as interacções.

Perspectiva : interaccionista simbólica
Abordagem : “dramatúrgica:modo de apresentação usado pelo actor e sua significação no contexto social mais vasto. A interacção é estudada como “um desempenho dramático”, formado pelo ambiente e pelo “público”, construída para fornecer aos outros “impressões”.

Método
“A perspectiva que é usada neste trabalho é a da representação teatral, os princípios correspondentes são de ordem dramática. Considerarei o modo como o indivíduo, em situações de trabalho individuais, se apresenta a si próprio e à sua actividade perante os outros.”


A Comunicação como Drama Teatral
Para Goffman, a sociedade é como um palco onde os actores, até certo ponto, premeditadamente manipulam e retêm informação sobre si, para garantir uma impressão favorável.
A vida social pode ser comparada a um palco onde os actores se mostram em representação, desempenhando ‘papéis’ de acordo com a situação.
A metáfora do teatro não implica que a vida social seja fictícia e que os actores estejam necessariamente conscientes de ‘actuar’.
Pelo contrário, quase sempre definimos e vivemos a situação de forma espontânea.

- Na vida quotidiana há problemas semelhantes aos experienciados pelos actores num palco – tornar as suas acções credíveis e convincentes para a audiência.
- Os indivíduos apresentam uma impressão de si próprios através das suas capacidades expressivas, criando uma ‘frente’: uma imagem do Eu que se projecta sobre os outros.


Para Goffman, o nosso Eu não é a causa das nossas performances de personagem, é o efeito. Poderíamos ver a questão como:
Eu ------> Performance teatral (desempenho)
Goffman inverte:
Desempenho -----> Eu


Um papel central para a comunicação
- Capacidade expressiva através da qual os indivíduos desenvolvem a gestão das impressões que os outros recebem deles.
- O desempenho de um indivíduo será a forma como age, consciente de que os outros presenciam essa acção, ou seja, “tentando controlar a impressão que estes recebem da situação”
- Os indivíduos criam a definição de uma situação social que os outros devem aceitar à partida.

Interacção e definição da situação
- O mundo social é precário e a ordem social nunca está totalmente ganha.
- A interacção é o momento fundamental onde definimos a situação, no encontro com os outros.
- A interacção é também um jogo constante de apresentações de nós próprios/as e de esquadrinhamento do outro durante a intersecção.

Definição da situação
- Uma das primeiras tarefas de todo o encontro social é a definição da situação que leva a uma certa distribuição dos lugares e dos papéis ocupados por cada um dos intervenientes.
- Ao mesmo tempo que definimos a situação projectamos uma imagem de nós próprios/as.
- A comunicação é central a este processo.

A comunicação como interacção

Qual a unidade básica de todo o comportamento?
Um acto. Tudo o que fazemos é um acto. Todas e quaisquer acções implicam acções. Algumas acções só têm implicações para nós. Ex: comer muito engorda.
A maioria é implicada por alguma relação com os outros, que constitui alguma forma de interacção social. A compreensão humana só é possível pela interacção social.


Interacção:
- O processo de estar consciente dos outros quando actuamos e de modificar o nosso comportamento conforme as respostas dos outros;
- O processo pelo qual as pessoas actuam para e em respota umas às outras;
- Isto inclui todo e qualquer comportamento social, incluindo a interacção com a cultura material (livros, símbolos, etc.), independentemente da comunicação com outro ser humano.
- > A interacção social não será disruptiva (pois as pessoas tendem a manter e definir uma situação) ou desordenada, para que possamos definir e interpretar as situações com que somos confrontados.
Ex: Quando, por alguma razão, fazemos de conta que não ouvimos o que alguém diz, para não causar mais disrupção.
- > Nós tendemos a manter uma determinada ordem social.


(INTER)ACÇÃO-SIMBÓLICA
O que é o símbolo?
Algo que significativamente representa algo. Ex: um sinal, gesto, língua, acção comportamental…
O que é a interacção simbólica?
A comunicação que se realiza entre pessoas por símbolos (face-a-face, textos, sinais de tráfego, música, etc.)
- Construímos socialmente significados ligados a todos os aspectos do mundo físico e social à nossa volta e respondemos aos significados como se eles fossem mais. Interpretamos constantemente os significados das nossas próprias acções e dos outros.
- Intepretamos os acontecimentos da vida quotidiana em termos de categorias e definições fornecidos pela nossa cultura. Não basta saber a língua (o código), a nossa cultura diz-nos como utilizar os símbolos nas determinadas circunstâncias.
- As pessoas atribuem arbitrariamente o significado aos símbolos (alfanumérico, risos, gestos, sinais) e concordam sobre esse significado.
- Este processo só pode ser aprendido pela interacção social com outros, em toda a nossa socialização.


Comunicação
No interaccionismo simbólico é a actividade humana relacional em que se põem em jogo as circunstâncias subjectivas (subjectividades) que, a partir de conhecimentos mais ou menos partilhados, consegue compreender de forma semelhante as estratégias básicas dos comportamentos no mundo da vida e que, em resultado disso, conseguem os indivíduos compreender-se mutuamente e conferir sentidos semelhantes ao seu ambiente.
Ex: Ir para a fila enquanto se espera para almoçar na cantina, evita conflitos.

- A comunicação é a base de todas as relações sociais;
- Os processos de comunicação implicam, antes de mais, interacção entre sujeitos distintos que, para se compreenderem, estabelecem vínculos no mundo da vida quotidiana.
- Estes vínculos são constituídos por acções dirigidas ao reconhecimento do outro, a quem reconhecemos um carácter de pessoa similar a nós mesmos (incluir na sociedade pessoas diferentes, que reconhecemos como iguais).
- Isto é o fundamento da intersubjectivdade que permite que os processos de interacção se estabeleçam de forma efectiva.
Símbolos : sons, cores e acontecimentos que representam alguma coisa e que são essenciais para compreender a interacção social. A linguagem é um dos símbolos significantes mais poderosos e importantes criada pelos seres humanos, porque nos permite comunicar através de significados e palavras partilhados.


Interaccionismo simbólico
- Dedica-se ao estudo da microacção;
- Desenvolvido por Mead, Goffman, Cooley, Blumer, Becker;
- Concentra-se nas formas quotidianas da interacção social entre pessoas, em vez de nos comportamentos sociais mais amplos. Defende que os seres humanos vivem num mundo de objectos – acções, coisas materiais, pessoas … - é preciso depois estabelecer acordo sobre o significado deles.
- Os comportamentos dos seres humanos são baseados numa compreensão comum e o uso destes objectos, especialmente os símbolos, nas interacções diárias (ex: comunicação não verbal).


Para uma interacção se realizar :
- Cada indivíduo deve determinar a intenção das acções do outro;
- Cada indivíduo decide, então, a sua própria resposta com base naquela intenção.

Foco do interaccionismo
- É a acção, a intesubjectividade
- Estudo da relação funcional entre o modo como nos vemos (auto-definição), como vemos os outros (percepção interpessoal) e como pensamos que os outros nos vêem;
- Entender a realidade social e a sociedade da perspectiva dos actores que interpretam o seu mundo pela e na interacção social;
- Tem a ver com:
- interacção (significação social)
- construção do mundo social
- identidade (como nos apresentamos aos outros, como queremos que eles nos vejam)
- comportamento significativo
- como a significação é construída na relação entre os sujeitos.
- Nível de análise = micro;
- Foco na linguagem, gestos e situações sociais e na atribuição de significado às situações.

Comunicação não verbal

Linguagem do corpo:
- 93% do que comunicamos não é verbal;
- gestos, microexpressões;
- primeiro indicador: a forma como o corpo se mexe;
- importância da normalização: é necessário saber o que é normal para a pessoa ou situação, para poder ler correctamente a linguagem do corpo;
- “tocar-se” é uma atitude que mostra desconforto perante uma situação e a pessoa procura reconfortar-se, confiar em si mesmo.


Proxémia
- Parte do estudo da comunicação verbal;
- Estuda a distância entre as pessoas (distância social);

- (parte do estudo da escola de Palo Alto)

Cinéisa (Quinésia) : o estudo dos gestos não verbais, expressões faciais, contacto visual e postura do corpo.
Proxémia : o estudo do uso do espaço, toque e distância como características de comunicação não verbal.
Sequência da pragmática da comunicação: discute-se a comunicação para além da comunicação verbal e a forma como esses factores não verbais estão relacionados com a cultura.


Edward T. Hall : Espaço e Tempo
TEMPO
- Diferentes culturas: normas diferentes relativas ao tempo, amizade, negócios escritos/orais, etc.
- Ex. culturas que não consideram que as horas de uma reunião signifiquem exactamente essas mesmas horas

ESPAÇO
- A percepção que o Homem tem do espaço: relacionada com a percepção de si próprio.
- Tem uma percepção visual, cinestésica, táctil, térmica, que pode ser favorecida ou inibida no seu desenvolvimento pelo meio.
- Espaço: fronteira invisível à volta de um indivíduo, que se considera “pessoal”.
- Pode incluir uma área ou objectos (“território” desse indivíduo)
- Pode ser percebido não só visualmente mas “pelas orelhas, espaço termal pela pele, espaço cinestésico pelos músculos e espaço olfactivo pelo nariz” (Hall: 1990, p.11)

Fronteiras Invisíveis (bolhas)

- Todos os seres vivos têm uma fronteira física. E cada ser vivo é rodeado por uma série de fronteiras invisíveis.
- Fronteiras comunicacionais.
- A bolha invisível de cada pessoa do espaço expande-se e contrai-se. O tamanho depende:
- da sua relação com os que estão à sua volta;
- do seu estado emocional;
- do seu contexto cultural;
- da sua actividade

Na Europa do norte (Alemanha, Escandinávia, G.B – clima frio): as “bolhas” das pessoas são bastante grandes. À medida que nos movemos para Sul (França, Itália, Grécia, Espanha e Portugal – clima quente), as “bolhas” das pessoas são cada vez mais pequenas.

AXIOMAS DA COMUNICAÇÃO

1º Axioma : não se pode não comunicar.
Numa situação de interacção, todo o comportamento humano tem valor de mensagem.
- A unidade da comunicação é o comportamento, que constitui uma mensagem;
- Dado que todo o comportamento é comunicação, a mensagem é constituída por um conjunto de modos de comportamento: verbais, fonais, gestuais, contextuais…
- Estes comportamentos, no seu conjunto, condicional reciprocamente outros significados.
- > Uma propriedade básica do comportamento humano é que ele não tem oposto – não existe um “não-comportamento”, pois um indivíduo não pode não se comportar. Logo, é impossível o indivíduo não comunicar.

2º Axioma : a comunicação tem um conteúdo e uma relação, sendo esta uma metacomunicação.
- Um acto comunicativo não se limita a transferir informação – conteúdo – mas, simultaneamente, impõe um comportamento ao destinatário – relação.
- O conteúdo de uma mensagem pode consistir em qualquer coisa comunicável, independentemente de ser verdadeira ou falsa, válida, inválida ou indeterminável.
- A relação refere-se ao tipo de mensagem e como deve ela ser considerada. Portanto, em última instância, refere-se às relações entre os agentes comunicantes.

3º Axioma : a natureza de uma relação depende da pontuação das sequências comunicacionais
- A “pontuação” organiza os eventos comportamentais (logo, comunicacionais) e, portanto, é vital para as interacções em curso.
- Em consequência, a discordância sobre como pontuar a sequência de eventos provoca conflitos quanto às relações.

4º Axioma : os seres humanos comunicam digital e analogicamente. Na comunicação humana podemos representar as realidades ausentes de duas formas:
- através de um símbolo que tenha com a realidade que representa uma relação de analogia, mantendo semelhança com ela – comunicação analógica;
- através de um signo linguístico (ou não), instituído de forma convencional – mantém com a realidade que representa uma relação totalmente arbitrária – comunicação digital.
A comunicação não verbal é analógica, englobando:
- movimentos corporais, mímica, inflexões de voz, sucessão, ritmo e entoação das palavras;
- quaisquer outros indicíos dos contextos em que ocorrem as interacções.

5º Axioma : as permutas comunicacionais são simétricas ou complementares, conforme se baseiam na igualdade ou na diferença.
- Na interacção simétrica, os agentes tendem a reflectir o comportamento um do outro. A interacção caracteriza-se pela igualdade e minimização da diferença;
- Na interacção complementar, o comportamento de um parceiro complementa o do outro, maximizando-se a diferença. A relação complementar admite, assim, duas posições:
- uma posição superior, detentora de poder;
- outra posição, inferior, de subordinação.

ESCOLA DE PALO ALTO II

Códigos digitais e analógicos
Na comunicação humana podemos representar as realidades ausentes usando dois tipos de códigos:
Os códigos digitais que possuem uma sintaxe definida e complexa
- Ex: código das línguas naturais e o sistema numérico que não permitem nenhuma interpretação arbitrária. Utilizam unidades discretas que são articuláveis e que se podem combinar.
Os códigos analógicos que têm continuidade entre expressão e conteúdo.
- Não há ruptura entre expressão e conteúdo.
Ex: existe uma relação de continuidade entre o número 4 e o gesto que mostra 4 dedos da mão.


Digitalidade e analogia constituem duas formas diferentes de expressão.
- A realidade é por natureza analógica.
- Quando utilizamos códigos digitais para nos referirmos a ela (ex: a língua), segmenta-se de forma fictícia essa realidade, criando lacunas ou vazios que as palavras não cobrem.


O Homem depende sobretudo da comunicação analógica:
- a comunicação digital é importante no que toca à troca de informação sobre os objectos com vista à transmissão do conhecimento…
…mas…
- a comunicação analógica é mais eficaz para assinalar intenções e indicações de humor e para, assim, definirmos a natureza das nossas relações.


COMUNICAÇÃO ANALÓGICA
- Caracteriza-se por ser menos abstracta, pois os sinais são contínuos;
- Os sinais mantêm uma ligação ao referente (são símbolos analógicos);- Tem uma semântica muito rica, mas não a sintaxe apropriada a uma definição inequívoca da natureza das relações, pois não permite discernir quais os sentidos que devem ser atribuidos a determinados signos.

COMUNICAÇÃO DIGITAL
- É considerada um fenómeno discreto e descontínuo, pois um sinal tem necessariamente de acabar para que possa surgir outros que lhe suceda;
- Os sinais que utiliza não têm uma relação natural com a realidade representada (são signos arbitrários);

- Baseia-se numa sintaxe lógica bastante complexa e bastante eficaz, mas não tem uma semântica apropriada à relação.

Relação e conteúdo
Em toda a interacção, a comunicação estabelece-se a um duplo nível:
O conteúdo da mensagem: função referencial
- dimensão semântica que vincula o que se comunica a um referente;
A relação entre os comunicantes: função conotativa
- aqui, o objecto de referência é a própria relação. O aspecto relacional pode ser entendido como uma mensagem a propósito da primeira mensagem, que indica o modo como aquela deve ser interpretada.
- situa-se num nivel meta-comunicativo.


Duplo nível da comunicação
- Não descodificamos apenas o significado da mensagem, também lhe atribuímos um sentido preciso;
- Ambos os planos – significado e sentido – situam-se a diferentes níveis lógicos: o conteúdo da mensagem verbal encontra-se dentro de outra mensagem -metacomunicativa – que se situa a um nível lógico superior e o rotula.

Quer dizer, na comunicação trocam-se expressões a diferente nível lógico:
- umas que indicam se as mensagem são afectuosas, humorísticas, metafóricas, etc.
- outras que devem ser descodificadas como membros de outra classe lógica, de nível inferios, que têm que ver com os conteúdos.

Relação e conteúdo
- Propriedade fundamental da comunicação envolvida na solução: dois níveis de comunicação;
- Ao prisioneiro foram dadas duas ordens de informação muito distintas: a primeira tem que ver com objectos impessoais (as portas) e a outra com seres humanos como emissores de informação.
- O prisioneiro tem de usar informação sobre os objectos (as portas abertas ou fechadas) juntamente com a informação sobre esta informação (a forma como os guardas comunicam a informação certa aos outros).

Confusão de níveis?
O que acontece quando a comunicação e metacomunicação se confudem?
Ex: “Eu estou a mentir”
- Ao nível da comunicação, o enunciado é, simplesmente: “o que estou a dizer é falso”. Mas, ao nível da metacomunicação, isto é, ao nível das regras de interpretação, o enunciado significa: “o que eu estou a dizer é: o que eu vos digo ao primeiro nível da comunicação é estritamente verdade”.

A ESCOLA DE PALO ALTO

Limitações da Teoria Matemática da Informação
A teoria matemática da informação é entendida como um processo linear e sequencial. Concebida a partir de campos técnicos (matemáticas, física e engenharia de telecomunicações). Ignora o facto de a comunicação ser efectuada por indivíduos
-> Os campos técnicos a que se refere seriam sobretudo o armazenamento
Nos anos 40, um grupo de pesquisadores oriundos de diversas áreas do saber - antropologia, matemática, sociologia, linguística, psiquiatria e outros - decidem tomar um rumo contrário ao da teoria matemática, criando como alternativa uma teoria da comunicação de base pragmática.
Eles não trabalhavam a comunicação reduzindo-a a duas ou mais variáveis do ponto de vista linear. Ela era analisada através das ciências humanas, considerando os níveis de complexidade e de contextos múltiplos. Eles passam a trabalhar com o modelo circular proposto por Nobert Weiner, criador do campo de estudo da cibernética. Sob essa visão, a informação deve poder circular e a sociedade da informação só pode existir sob a condição de troca sem barreiras. O receptor passa a ter um papel tão importante quanto o emissor das mensagens.
Os pesquisadores da Escola de Palo Alto usam a metáfora de uma orquestra para entender a comunicação, ou seja, um processo de canais múltiplos em que o autor social participa a todo momento a partir dos seus gestos, sua visão e até do seu silêncio, na qualidade de um indivíduo
participante de uma certa cultura, assim como um músico é parte integrante de uma orquestra.
Escola de Palo Alto
- Anos 50 : Gregory Bateson e Paul Watzlawick aplicam a teoria cibernética à interacção animal e humana e estudam um modelo circular retroactivo da comunicação;
- 1959 : Fundam o Mental Research Institute de Palo Alto (Califórnia)
A Escola interessou-se pela problemática da comunicação e pelas suas aplicações à patologia mental.
Parte-se de “algumas propriedades simples da comunicação que têm implicações interpessoais fundamentais”.
A pragmática da comunicação humana compreende-se com as suas patologias e perturbações, pelo que é passível de ser aplicada como teoria terapêutica.
->Ideia de cura pela fala – Psicanálise
Palo Alto : princípios fundamentais
- A comunicação é um fenómenos de interacção;
- Todo o comportamento social tem um valor comunicativo;
- A comunicação é determinada pelo contexto em que se inscreve;
- Toda a mensagem comporta dois níveis de significação;
- A relação entre interlocutores estrutura-se segundo dois grandes modelos relacionais (simétrico/complementar)
TEORIA DE GESFALT
O termo Gesfalt alude ao facto de fenómenos ou formas não poderem ser descritos como a soma de fenómenos menores e independentes, mas como uma totalidade ou estrutura.
- A Escola de Palo Alto toma da Teoria de Gesfalt a premissa de que os seres humanos percebem o mundo que nos rodeia e a comunicação de forma ordenada – em formas.
- Primeiros psicólogos de Gesfalt formularam leis relacionadas com a organização dos campos visuais:
- Proximidade : Os elementos visuais que estão perto uns dos outros unem-se e são facilmente vistos como uma figura. Os objectos mais próximos entre si são percebidos como grupos.
- Semelhança: Objectos similares em forma ou tamanho ou cor são facilmente interpretados como um grupo.
- Continuidade: Uma vez formado um padrão, é provável que ele se mantenha. Os nossos olhos tendem a seguir uma linha na orientação que ela apresenta. Orientação ou inclinação é um dos principais factores de semelhança.
- Fechamento: O cérebro adiciona componentes que faltam para interpretar uma figura parcial como um todo. Possuímos a tendência inata para perceber múltiplos elementos como um grupo ou totalidade.
- Equilíbrio: O equilíbrio é um princípio que afirma que as figuras tendem a assumir a sua forma mais regular. O cérebro espera que os objectos escondidos se pareçam com os não-tapados.
- Assimilação: Experiências passadas criam impressões com significado
Influências : Teoria Geral dos Sistemas
- O sistema, como conjunto de elementos inter-relacionados, encontra-se em equilíbrio. Se algum dos seus elementos ou das suas relações se modifica, o equilíbrio modifica-se (peças no xadrez).
- Cada movimento – diacronia – que se produz na passagem do tempo origina uma nova sincronia, um novo equilíbrio. Em oposição aos princípios de análise atomistas baseados em elementos e comportamentos isolados, na concepção sistémica presta-se atenção à ideia de totalidade;
Explicar os processos de comunicação a partir de uma lógica circular subjacente ao fluxo contínuo da comunicação (retro-alimentação).
A psicanálise : inconsciente
- Desde que nasce, o indivíduo recebe todo o tipo de pressões que se destinam a moldá-lo a esses padrões sociais. O sujeito tem que reprimir os seus próprios impulsos.
- Os impulsos reprimidos encontram-se detrás dos lapsus linguae,os equivocos ou os sonhos.
- Quando a censura e a repressão são muito fortes, o sujeito pode sofrer de neurose.
- A psicanálise consiste em trtar esses sintomas,pondo-os a descoberto e tornando-os conscientes.
A Freud importa quando:
- Se diz uma palavra em vez de outra;
- Se escreve algo diferente do que se quer escrever;
- Se lê algo diferente do que está escrito;
- Se ouve algo diferente do que foi dito.
- Uma grande parte do fluxo comunicativo é de natureza inconsciente
- Parte dessa experiência do sujeito que se acumula no inconsciente inflitra-se e aparece como elementos comunicativos não controlados voluntariamente.
- Na comunicação nada é fortuito. Todos os factos e as palavras têm significação
- As mensagens contêm uma grande quantidade de material inconsciente.

UNIVERSIDADE DE CHICAGO III

O conhecimento “familiarizado com” :
- O conhecimento que o indíviduo inevitavelmente adquire no decurso dos encontros pessoas e em primeira mão.
- O conhecimento que estabelece o sentido comum na sociedade.
- Conhecimento superficial, obtido por meio da experiência sensorial ou imediata.
O conhecimento “acerca de” :
- Formal, racional, sistemático.
- Resulta de uma observação de factos que tenham sido provados, procurados e familiarmente classificados.
- Não é uma experiência acumulada mas o resultado de uma investigação sistemática.

A notícia exerce, para o público, as mesmas funções que a percepção cumpre para o indíviduo: não apenas o informa mas, sobretudo, orienta-o, dando “ciência” a cada um, e a todos, daquilo que se passa.
O jornalismo é uma leitura do mundo e deve garantir uma experiência de conhecimento;
A notícia ocupa uma posição privilegiada entre o conhecimento imediato e o conhecimento mediato. A sua função cognitiva relaciona-se com outras funções, tais como a social, política, cultural ou educativa.
As notícias são diferentes de outras formas de conhecimento, dado as notícias serem definidas pela sua qualidade passageira e efémera. A chave para a vivacidade das notícias, comparando com a História, era que informavam como uma série de incidentes isolados, em vez de uma sequência teleológica. Nesse sentido, as notícias eram uma mercadoria pública, não se tornavam notícias por uma leitura individual mas sim pelo facto de serem parte de uma comunicação pública.
Como as notícias tratavam de acontecimentos como se estes fossem isolados, isto implicava que os indivíduos falassem sobre eles; dessas conversações emergia a opinião pública.

Descrição das notícias e da opinião pública:
- Rejeitou a imagem do indivíduo isolado, que lê o jornal sozinho, contempla o significado dos acontecimentos correntes e desenvolve uma opinião individual sobre esses acontecimentos que é transportada para os encontros públicos.
- Em vez disso, a sociologia de meios de comunicação de Park forneceu uma explicação completamente social e pública das notícias.

Se uma notícia for suficientemente interessante para um indivíduo reflectir sobre ela, então esta reflexão será normalmente acompanhada – de facto, muitas vezes precedida – pelo desejo de discutir a notícia com outro indivíduo. E, portanto, as opiniões que os indivíduos desenvolvem das notícias são quase sempre opiniões já públicas, no sentido que emergem de discussões com os outros.
As notícias são sempre sobre o imprevisto e o inesperado – não a importância intrínseca de um acontecimento.
O carácter provocante e imediato das notícias, o seu interesse e importância, leva-as a ser o tema de conversação. As notícias são “o que faz a conversação das pessoas” ou o que provoca a discussão.
Se a notícia excitar a reacção, essa reacção é partilhada. As notícias podem provocar “surpresa, divertimento ou excitação” no leitor para que sejam lembradas e repetidas; elas circulam de forma espontânea, sem qualquer ajuda ou inibições.
A publicação confere às notícias o estatuto de um documento público, que é sancionado pelo público leitor.
As opiniões que os indivíduos desenvolvem das notícias são quase sempre opiniões já públicas, no sentido que emergem de discussões com os outros. Produz-se, assim, a opinião pública : “é na base da interpretação de acontecimentos presentes, isto é, das notícias, que a opinião pública se constitui”.

UNIVERSIDADE DE CHICAGO II

ROBERT PARK
Dirige a Escola de Chicago entre 1920-1930, trazendo como preocupação para a Escola os meios de comunicação e a formação de opinião pública, lugar central no pensamento de autores como Cooley, Lippman, Park, Mead, Burgess e Blummer;
- A Escola de Chicago vai ser conhecida pela “Ecologia Urbana”, isto é, além da dimensão da biologia, introduzia também a dimensão cultural, entendendo que as pessoas na sociedade competem entre si.
A ECOLOGIA HUMANA
-
Park encontra inspiração no darwinismo social e afirma que a cidade é interpretada pela ideia da biologia evolucionista.
- No agir humano existem dois níveis: um biótico, pelo qual os indivíduos entram em competição, e um cultural, onde os actores sociais encontram os ideiais de ordem moral;
- O agir e a deslocação no território das diversas populações é interpretado à luz da luta pela sobrevivência e pelo conflito: os habitantes mais fortes de um ambiente urbano tendem a ocupar as posições mais vantajosas, enquanto que os outros se adaptam;
- As relações entre os indivíduos têm um carácter de oposição (competição, conflito, selecção)
ROBERT PARK E ERNEST BURGESS defenderam que, numa área socialmente desorganizada, os valores e as normas dominantes competem com outras normas e valores, por vezes ilegítimos
- Várias culturas entram em conflito, quebra-se a coesão social e o desvio social é um resultado comum.
- Acreditavam que os problemas sociais originavam da natureza desorganizada da vida nas grandes cidades
- Dividiram a cidade em várias zonas distintas, num modelo de círculos concêntricos a partir do centro da cidade. Depois, usando a estatística oficial, mostraram quanto mais retirado do centro da cidade, mais baixa a incidência de problemas sociais. Zona fabril e zona de transição: transeuntes, imigrantes, acabados de chegar; zona operária: família de emigrantes de 2ª ou 3ª geração; zona operária; zona residencial: proprietária; zona periférica rica: classe média-alta brancos


Park e o comportamento colectivo
Relacionou o comportamento colectivo com um organismo, uma vez que quando este actua responde a um estímulo do seu ambiente. Assim, pode agir porque os seus vários orgãos são plenamente integrados, como resultado da sua evolução biológica dentro de um habitat.
No comportamento individual humano, no entanto, esta coordenação não é automática ou instintiva, mas ocorre como um resultado de deliberações emocionais e intelectuais que
processam a coordenação (controlo social).
- Teoria do comportamento colectivo de Park: a comunicação como um processo alargado de socialização e de iniciação à vida colectiva, mas onde o processo de socialização e de envolvimento com os outros pode gerar novas formas culturais, em especial quando se confrontam com novas e anómalas situações, para as quais é preciso consensos (pragmatismo).
- Comportamento colectivo: sobretudo a interacção comunicativa, onde os índividuos constituíam e mantinham valores culturais em comum e agiam em conjunto.
- Na interacção comunicativa, os valores culturais também eram desenvolvidos e modificados.
- Como tal, o comportamento colectivo engendrava controle social pela evolução e a disseminação de uma ordem normativa e a contribuição para o comportamento social o
rganizado.

Park e os jornais
- As notícias e os jornais eram, para Park, tipos de interacção comunicativa. As notícias eram a circulação de relatórios de eventos dentro de uma comunidade, cujo processo podia ter consequências sociais específicas. Os jornais eram instituições que promoviam a interacção comunicativa pela circulação de certas formas de notícia. Assim, as notícias e os jornais engendravam tipos típicos de controle social e de modificação cultural.
- Os jornais eram sobretudo instituições urbanas: o tamanho, a dimensão e a complexidade da organização social significava que a comunicação face-a-face e de pequena escala tinha de ser complementada com fontes de informação mais extensivas e mais rápidas. Os jornalistas contribuiam para um processo de adaptação.
- Park alargou a sua teoria do comportamento colectivo às notícias e aos jornais, vendo interesse nas notícias como criadoras de “atenção pública”.
- Através das notícias, e da sua discussão informal, um grupo poderia ser orientado no seu ambiente. É quando a atenção de todos está dirigida para uma situação que se pode desenvolver uma atenção e uma deliberação colectiva.
- A sociologia de Park dos jornais abrangeu dois temas relacionados
-> As notícias e o poder da imprensa
-> As diferentes formas culturais do discurso do jornal
- “News and the Power of the Press” (1941) : Park distinguiu entre uma esfera pública de elite e uma esfera pública popular e ligou cada uma delas a uma parte específica do jornal.
1. Editorial: para a esfera pública de elite (políticos, líderes partidários e intelectuais); tendo as suas origens na carta ao editor, o editorial estava desenhado para interpretar as notícias por uma filosofia política consistente e coerente. Park acreditava que a página editorial e a esfera pública de elite podiam ter uma influência significativa e controle sobre a sociedade política.
2. A coluna noticiosa: organizava a discussão política entre cidadãos vulgares.
- Park defendia que o jornalista não estava forçado pelas exigências da coerência filosófica mas sim pelo objectivo de alargar o círculo de leitores.
- Ao publicar notícias que fossem de interesse para uma gama mais vasta de leitores, o jornalista ajudava a aumentar o número de pessoas que sabiam o que se passava na sua sociedade -> desenvolvimento da formação da opinião pública.

UNIVERSIDADE DE CHICAGO

Comunicação : estabelece as relações entre as pessoas; serve a função de coesão social
-> Abre um campo de investigação da comunicação e procura inseri-lo numa perspectiva de interacção social e política.

Chicago como laboratório social
- 1840/1850 : rápida expansão da Indústria e caminhos-de-ferro do Midwest, que leva a um aumento da importância da cidade como centro de expedições e transportes comerciais (posição geográfica estratégica)
- 1840-1920 : forte crescimento demográfico provocado, em grande parte, pela imigração, desde alemães e irlandeses até polacos, russos e italianos, o que leva a uma multiplicidade de grupos étnicos
Chicago era uma cidade industrial e de imensa pobreza onde as os baixos salários obrigavam as mulheres e crianças a trabalhar, gerando inúmeros problemas sociais.

Rockefeller
Rico e muito religioso, dado a boas causas, tentou reabilitar uma área muito problemática de Chicago, estabelecendo nessa àrea uma Universidade com o dinheiro da Fundação Rockefeller e criando o primeiro departamento de sociologia.
Para os seus estudos, usava a vizinhança urbana circundante como seu laboratório e analisava os efeitos da desorganização social, imigração e da economia na vida quotidiana dos seus habitantes;
- objectivo dos primeiros sociólogos: estudar e explicar problemas sociais para inventar meios práticos para eliminá-los -> sociologia aplicada.
A sociologia de Chicago propôs-se a reflectir sobre a realidade da cidade americana no interior das mudanças históricas que ocorriam.
- compreender a sociedade significava compreender alguns aspectos da sociedade moderna: as mudanças nos códigos de comportamento, as mudanças nas famílias, a influêcia da opinião pública, a sociedade de massas.
A urbanização levava a uma desorganização social que tinha como consequência a ocorrência de crimes, pobreza, alcoolismo, prostituição. Estes problemas levavam à imigração/migração gerando diferenças etnicas e raciais.

A maior parte do trabalho desta escola centrou-se:
a) Desvio social:
definido em formas gerais como uma violação de normas de sociedade do comportamento apropriado;
- esta àrea conduziria, mais tarde, à Criminologia
b) Desorganização social: a perturbação da sociedade devido a uma modificação social rápida
- para estudar a cidade era preciso percorrê-la e observar directamente os protagonistas da vida urbana
- os instrumentos metodológicos eram semelhantes aos da antropologia

domingo, 13 de junho de 2010

Teoria da Informação

É a primeira teoria da comunicação que começa a germinar no pós-guerra, no âmbito da matemática e da engenharia eléctrica, e ao nível das telecomunicações.
A teoria da informação assumiu um importante papel na nossa compreensão da comunicação, uma vez que se concentra na medição da informação, ou seja, trata do estudo quantitativo da informação em mensagens e do fluxo de informação entre emissores e receptores.
Em 1948, Shannon, considerado o pai da teoria da informação, publica o artigo científico intitulado “A Mathematical Theory of Communication”, no Bell System Technical Journal. Um ano depois, junta-se a Weaver e publicam juntos o livro “The Mathematical Theory of Communication”.
Nestas publicações é apresentado um modelo linear de comunicação, simples mas extraordinariamente eficiente na detecção e resolução dos problemas técnicos da comunicação.
A Teoria Matemática da Informação visava a precisão e a eficácia do fluxo informativo, procurando não se cingir apenas à área da engenharia, mas servir de referência a qualquer âmbito da comunicação. Pretendia, assim, ser adaptável a qualquer processo de comunicação, independentemente das características dos seus componentes.
A Teoria da Informação fornece uma definição bastante precisa de informação, dizendo-nos que a informação é uma medida de incerteza ou entropia numa situação. Quanto maior for a incerteza, maior será a informação, logo, quando uma situação é completamente previsível, nenhuma informação está presente.

Assim, a informação pode ser considerada um função do número de escolhas ou alternativas à disposição de uma pessoa para predizer o resultado de uma situação.
Informação não é conteúdo pois o que importa é que a mensagem chegue ao receptor e o que está em causa são aspectos técnicos e não conteúdos.
Informação não é significado pois a informação não é a interpretação da informação, o que importa é a quantidade de informação que é transmitida.

A teoria concentra-se no melhor modo do emissor codificar a informação antes de a enviar;

  • toda a informação, inclusive a linguagem humana, pode ser medida na forma de “bits por segundo”…
  • considerou o papel do “ruído” na interpretação da integridade da informação;
  • a capacidade limitada do canal e o ruído levam à incerteza…
  • … desenvolveram o conceito de “entropia de informação” como uma medidada de incerteza numa mensagem.

Fonte: Componente de natureza humana ou mecânica que determina o tipo de mensagem que se transmitirá e o seu grau de complexidade
Transmissor: Recurso técnico que transforma a mensagem

Esta teoria expandiu-se em 3 niveis:
Técnico: condições/caracteristicas técnicas dos dispositivos para uma boa transmissão da informação.
Semântico: não é um nível importante, pois não interessa o significado da mensagem, mas sim que o que é transmitido é aquilo que é recebido
Eficácia: transmissão clara, sem ruído, com que a mensagem é recebida.
Estes são três niveis a considerar em qualquer teoria da comunicação, mas, no caso da teoria matemática da comunicação, o nivel técnico é o mais importante e o mais desenvolvido. Nobert Wiener também contribuiu para esta teoria, pois foi o “pai” da cibernética, a ciência do controle da comunicação. A sua principal contribuição foi no nível da aplicação de um conceito de “ruído” não só fisico, mas englobando também tudo aquilo que impossibilita a correcta recepção da informação.

MODELO DE MARKOV
As letras (ou os sons na fala) não estão organizadas aleatoriamente. São encontrados vários padrões previsiveis, o que torna a descodificação mais fácil, já que existe menos informação, mais baixa entropia e mais elevada redundância. Por exemplo, um adjectivo tem uma alta probabilidade de se seguir a um substantivo.
-> Probabilidade que um caracter tem de aparecer numa sequência tendo em conta os caracteres precedentes.

- Num sistema perfeito de comunicação: emissor e receptor têm um conhecimento idêntico do código;
- Todas as mensagens possíveis são conhecidas com antecedência;
- A fonte faz uma escolha para enviar uma mensagem de entre um conjunto de mensagens possíveis;
- O receptor precisa de saber que escolha o emissor fez.

ESCOLHAS
- Sinal: fazemos escolhas sobre que sinal enviamos (sons, palavras, etc.)
- Semântica: fazemos escolhas numa dada situação sobre que significado enviamos
- > Escolha lexical;
- > Significado
- Pragmática: fazemos escolhas numa dada situação sobre que comportamentos assumimos.