Teorias Comunicação
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Meios quentes e frios
A fotografia é um meio quente porque não é preciso dizer nada. O indivíduo não está directamente envolvido; O alfabeto fonético é segundo o autor um meio quente na medida em que esta tudo absolutamente explicado.
- A língua é um meio frio na medida em que há participação dos indivíduos.
O telefone é um meio frio porque a transmissão não permite a captação de tudo aquilo que se quer dizer. Outras formas de escrita (ideogramas) obrigam também a uma participação (são por isso frios) porque existe uma maior hipótese de interpretação de quem lê.
- O autor refere ainda no texto as diferentes formas de pensar. Fala das civilizações orientais e caracteriza-as como baseadas na oralidade. Enquanto que as sociedades ocidentais baseiam-se no alfabeto fonético e estruturam o seu pensamento nesta base.
- A razão porque tudo se organiza numa relação de causa-efeito de acordo com Mcluhan baseia-se no alfabeto, na utilização da língua.
- Diz ainda o autor que a forma como se organiza a sociedade e os meios que tem à sua disposição são factores que condicionam as sociedades.
- O autor fala ainda da capacidade do ser humano de se distanciar do objecto através da língua.
- O homem está do ponto de vista biológico perante um enorme fluxo de informação. O nosso mundo ganha forma a partir do momento em que existe a linguagem.
- Para o autor o mundo para o homem é um objecto. Para um bebé as coisas existem apenas quando estão no campo de visão e só depois num estádio mais adiantado ele começa a perceber o mundo através da linguagem. Relacionamos o mundo como um objecto exterior a nós percebido através da linguagem.
Aldeia Global
- Numa tribo todos sabem exactamente aquilo que o outro tem de fazer porque todos se conhecem e identificam-se com o grupo. Isto vai conta a ideia de vida selvagem, feliz. O papel do ser humano está muito bem definido, partilham o mesmo mundo através de tradições, crenças, filosofias e sobretudo através do conhecimento do indivíduo.
- Com a era da mecânica e a sociedade industrial o ser humano posiciona-se no processo produtivo cujos processos económicos se organizam numa sociedade privada.
- Com a invenção da electricidade do ponto de vista do autor volta-se à ideia de aldeia global, ao conhecimento de todos, talvez uma estandardização do pensamento. Há sinais evidentes. Temos na sociedade uma espécie de tribos com comportamentos típicos de tribos, por exemplo o futebol. Pintam-se as caras, fazem-se identificar uns com os outros. Há comportamentos que fazem lembrar as tribos. Os grupos de jovens delinquentes são outro exemplo que ilustra esta ideia de tribo. Têm um código de comportamentos e regras muito específico desse grupo.
- A ideia do indivíduo que nasce livremente é uma ideia da sociedade industrial. Por outro lado o indivíduo nasce também numa sociedade tribal, tem consciência de que faz parte dessa sociedade e tem de pautar o seu comportamento com base nos hábitos e tradições dessa mesma tribo. O autor dá sobretudo muita importância à electricidade porque ela veio permitir a eliminação do espaço e do tempo.
A comunicação como meio III
Critérios para distinguir meios frios e meios quentes
- a definição dos dados transmitidos através de um meio
- o grau de participação da audiência para “completar” o meio
Há uma regra básica que nos permite distinguir um meio quente, como a rádio ou o cinema, de um meio frio, como o telefone ou a televisão. Um meio quente é aquele que estende ou prolonga um único sentido em "alta definição". A alta definição é o modo de ser plenamente saturado de informação, ou seja, é o estado de ser bem abastecido de dados. Visualmente, uma fotografia é uma alta definição, uma caricatura é um definição baixa, pela simples razão de que dá muto pouca informação visual.
Telefone: meio frio porque porque o ouvido recebe apenas uma pequena quantidade de informação
Fala: meio frio porque porque nos dá muito pouco, exigindo da parte do ouvinte um processo de preenchimento.
Os meios quentes, por outro lado, não deixam tanta coisa a ser preenchida ou completada pelo público. Como tal, os meios quentes requerem uma baixa participação ou completamento por parte do público. Daí que um meio quente, como a rádio, tenha, naturalmente, efeitos sobre o seu utilizador muito diferentes dos de um meio frio como o telefone.
Quentes: altamente definidos; não exigem mais do que uma participação pessoal fraca. (Ex: escrita, imprensa, rádio, cinema, fotografia)
Frios: pouco definidos; exigem uma forte participação pessoal. (Ex: oralidade, telefone, diálogo, BD, televisão)
A caracterização da televisão como um medium frio?
- a ênfase de McLuhan na extensão de um sentido relativamente aos outros
- o foco intenso e singular no ouvido: a rádio como um medium quente.
Determinismo tecnológico
A mudança social é determinada pela natureza e função da tecnologia, não pela acção humana consciente.
McLuhanismos
- A história da América moderna começa com a descoberta do homem branco pelos índios.
- Só pequenos segredos precisam de protecção. As grandes descobertas são protegidas pela incredulidade pública.
- Com o telefone e a televisão não é tanto a mensagem quanto o emissor que é emitido.
- O dinheiro é o cartão de crédito dos pobres.
- A invenção é a mão das necessidades.
- A resposta está sempre dentro do problema, não fora.
- O especialista é aquele que nunca fez pequenos erros no seu caminho para a grande falácia.
- Um dos grandes luxos de ser grande é o luxo de imaginar-se pequeno.
Guru e visionário
- Os meios de comunicação electrónicos são, numa metáfora, como a rede neural do córtex vertebral.
- McLuhan antecipou a importância do computador e a extensão global da televisão
A comunicação como meio II
· Generalização dos meios de comunicação electrónica – permite a comunicação entre pessoas muito afastadas no espaço. O mundo converte-se numa aldeia.
· O mundo é uma aldeia porque a acção e a reacção são imediatas.
A evolução da sociedade
· Uma nova tecnologia provoca uma nova organização sensorial e esta pressupõe uma nova organização social global.
- Evolucionismo
· O centro da dinâmica social são os media
· O que implica cada novo medium no tecido social?
- Caracterizar o processo global de evolução da Humanidade
O mundo passou de uma era para outra graças aos novos desenvolvimentos das tecnologias da comunicação.
Efeitos das inovações: imprensa
Modificação da percepção pelos sentidos e dos processos cognitivos.
i. Enfraqueceu a comunicação oral, estabelecendo uma cultura mais visual
ii. Promoveu a interpretação do mundo de um modo linear, causa-efeito.
iii.Deslocou a comunicação e a interacção face-a-face, tornando a informação mais abstracta.
iv.Alimentou o individualismo, a privacidade, racionalidade e diferenciação social
v. Encorajou a visão de um mundo como composto de objectos separados
vi. Permitiu a estandardização das línguas nacionais
Efeitos da inovação da televisão
i. Permite uma comunicação instantânea;
ii. Ajuda os espectadores a alcançar um maior equilíbrio sensorial. Ao contrário da imprensa, não assenta apenas num sentido
iii.É mais socialmente inclusivo do que a imprensa
iv. Desenvolveu uma nova era de democracia global numa “aldeia global”
A comunicação como meio (McLuhan)
· Medium Theory, de onde se destacam Harold Innis e Marshal Mcluhan
· Localizar as características formais da comunicação como os motores do processo histórico, das organizações sociais e da própria consciência sensorial.
· Teoria da comunicação que tem subjacente um modelo técnico-antropológico.
McLuhan adopta e desenvolve duas linhas de raciocínio:
- as revoluções nos meios de comunicação implicam mudanças invisíveis nos sistemas de conhecimento e na cultura
- compreender o significado da perda da cultura oral na sociedade ocidental
· Em Mechanical Bride (1951) oferece uma crítica da fragmentação, da comercialização e da mecanização do ser, operadas pelos media (publicidade).
· The Gutenberg Galaxy (1962) e Understanding Media (1964) permitiram-lhe expor uma interpretação da história.
Understanding the media: The Extensious of Men
· O meio é a mensagem: primeiro capítulo, anuncia o seu slogan mais conhecido.
· Devemos concentrar-nos nas suas propriedades formais, não no seu conteúdo: a sua presença material.
· O meio tecnológica determina não apenas o seu uso mas a própria comunicação e a cultura.
· A introdução de um meio na cultura comporta uma mudança no equilíbrio sensorial da sociedade.
· O conteúdo não é especialmente relevante. O que muda as coisas é o próprio meio.
O meio é a mensagem
Isto significa apenas que as consequências pessoais e sociais de qualquer meio - ou seja, de qualquer extensão de nós próprios - resultam da nova escala introduzida nos assuntos humanos por cada extensão de nós próprios, por qualquer nova tecnologia.
Meio e mensagem funcionam a par, dado que um pode conter o outro: o conteúdo converte-se na mensagem do meio que a contém.
A «mensagem» de um meio é toda a mudança de escala, ritmo ou comportamento que esse meio provoca nas sociedades ou culturas.
Ex: o caminho-de-ferro
O meio é a massagem?
The medium is the massage (mass-age)
Envolve-nos inteiramente, formando o ambiente que nos dá forma.
Como ambientes naturais, os media afectam-nos.
Qualquer compreensão da modificação social e cultural é impossível sem um conhecimento do funcionamento dos media como um ambiente.
Os media como extensões do Homem
· Os media são extensões artificiais das faculdades humanas naturais.
· A extensão de um sentido particular tende a transformar o equilíbrio dos sentidos e a percepção e pensamento.
· Os media são extensões dos nossos sentidos e das nossas funções:
- a roda – extensão do pé;
- a escrita – extensão da vista;
- o vestuário – extensão da pele;
- os circuitos electrónicos – extensão do sistema nervoso central.
Como os sentidos e as suas extensões configuram três etapas da Humanidade
· McLuhan, num olhar histórico, descreve três eras da Humanidade:
- Era da comunicação oral;
- Era da comunicação escrita;
- Era electrónica ou aldeia global.
Passagem de umas fases para as outras: causada pelas mudanças nas tecnologias da comunicação.
A invenção do alfabeto – fim da primeira etapa de cultura oral;
Imprensa do tipo móvel – radicaliza as condições da etapa anterior;
Invenção do telégrafo – processo de descobertas que culminarão na televisão.
1. Era Pré-Alfabética ou Oral
Primeiros tempos da humanidade – palavra
- Ligação numa unidade de espaço e de tempo;
- “Um estado de natureza”;
- O tempo e o espaço são circulares;
- Era tribal: todos os homens eram iguais na tribo;
- O ouvido predominava sobre a visão;
- A palavra falada – o meio mais completo de comunicação.
2. Era Alfabética : A Galáxia de Gutenberg
- Introdução do alfabeto fonético – ruptura entre o olho e o ouvido; culminou com a imprensa de tipo móvel como fase final da cultura alfabética: Galáxia Gutenberg;
- Retirou o homem do paraíso tribal;
- A comunicação passou a ser individual, impessoal e solitária;
- O orgão de sentido é o da visão.
3. Era de Marconi : A Aldeia Global
- A era de Marconi ou galáxia reconfigurada marcada pelo aparecimento dos media electrónicos: o sentido já não é apenas a visão mas a audição.
- Reconstituição do tipo de relacionamento Pré-Gutenberg
- Aldeia Global: regresso à oralidade, à supressão de fronteiras e à instantaneidade na transmissão de conhecimentos.
A comunicação como acção dramática III
· As pessoas utilizam “práticas preventivas” para evitar os embaraços de performances desacreditadas:
- Práticas defensivas;
- Práticas protectoras;
- Tácticas.
Estas tácticas “salvaguardam a impressão criada por um indivíduo durante a sua presença perante os outros”
Revelação e encobrimento
· As pessoas criarão a impressão de si próprias que as coloca à luz melhor possível e esconderão, o que é impróprio e incorrecto.
· ‘ Persona pública ’ que se comporta correctamente
· ‘ Persona privada ‘ pode fazer coisas condenáveis num certo ambiente.
Equipas
· As pessoas actuam em conluio umas com as outras.
· Pertencemos a equipas nas quais actuamos como parte de um grupo: família, amigos, colegas.
Regiões
· Região: zona de um conjunto certo e específico de comportamentos.
- “Região de fachada”
- “Região de traseiras” ou bastidores
- > Há regiões completamente simbólicas, não são sempre só físicas
As regiões de fachada são as situações ou encontros sociais em que os indivíduos assumem papéis formais (são representações sobre o cenário).
Ex: num casamento pode não existir discussões entre um casal à frente dos filhos para lhes dar uma sensação de harmonia
As regiões traseiras (bastidores) são aquelas em que as pessoas recolhem as suas ferramentas e se preparam para a interacção em situações mais formais. São como o espaço dos bastidores de um teatro ou as actividades que se realizam por detrás da câmara no cinema.
Ex: uma empregada pode ser o vivo retrato da cortesia quando serve um cliente num restaurante e transformar-se numa pessoa que grita e protesta quando desaparece por detrás das portas da cozinha.
Segredos e Mentiras
· Problemas fundamentais em numerosos desempenhos:
- segredos inconfessáveis;
- segredos estratégicos;
- segredos internos.
Representações colectivas: as equipas
· Os actores representam muitas vezes em equipas, que pedem a cooperação de mais participantes para a definição de uma situação.
· Eles formam a euipa não em relação a uma estrutura, mas a uma interacção.
· As equipas fundamentais são:
- Equipas de desempenho (os actores)
- O público
Equipas
· Interdependência recíproca: nenhum indivíduo pode sair da representação.
· Os membros de uma equipa cooperam na definição da situação, guardando segredos e cobrindo os erros dos outros e defendendo os próprios membros face ao público.
· A equipa representa uma apresentação idealizada baseada num «princípio da unanimidade»
· Para que a representação funcione é fundamental que os actores e o público não se misturem.
Equipas em contacto
· Encontro entre membros de equipas diferentes projecta uma situação de cordialidade.
· Uma vez fora de contacto: pode haver um comportamento diferente.
· As equipas apresentam convivência.
· Porque pode haver “incidentes” na representação, são necessárias práticas defensivas da equipa: lealdade, disciplina, circunspecção.
A comunicação como acção dramática II
- Comunicação voluntária (no sentido limitado e tradicional)
- Informação “deixada transparecer”
Definição da situação : consenso operacional
- Gostamos de pensar que não estamos demasiado preocupados com a impressão que emitimos aos outros. Se estivermos constantemente preocupados com a nossa imagem, somos vistos como tendo vaidade, ou como fúteis, ou até manipuladores e enganadores. Poderiam até pensar de nós como não sendo verdadeiros para connosco próprios.
- Se usarmos uma linguagem diferente, vestuário, comportamento,maneiras, e outros instrumentos de gestão de impressão no trabalho, na aula, em casa, com amigos, na rua, numa festa, qual é o nosso verdadeiro Eu?
- Goffman pensa que as pessoas na nossa sociedade muitas vezes confundem as personagens que as pessoas desempenham com o seu Eu. Ao mesmo tempo, ele reconhece que há algo nos bastidores que maneja as impressões, que é a fonte das performances de gestão de impressão.
- Ele distingue entre o Eu como uma “personagem” e o Eu como um “actor”.
- Apresentamo-nos como personagens diferentes em momentos diferentes das nossas vidas. Isto não significa que estejamos a ser “falsos” quando nos apresentamos diferentemente a pessoas/situações diferentes.
- O sujeiro não é uma entidade permanente. É passageiro e temporal.
- Não temos um Eu “verdadeiro”.
- A honestidade e a simplicidade nas interacções face-a-face seriam “um ideial optimista”.
Critérios de Avaliação
Que critérios usa o público para avaliar a realização do actor?
1. Se o desempenho do papel combina com as expectativas face a esse mesmo papel
2. Siceridade do desempenho. Devemos acreditar que o actor é sincero no seu desempenho.
Uma performance inclui impressões que são intencionalmente “dadas”, mas também incluem impressões que são involuntariamente “emitidas” – possivelmente porque o actor está nervoso, se contrai, sua, evita o contacto visual, etc.
- > A audiência perscruta constantemente o desempenho do actor.
Geralmente, espera-se que o público aplauda e apoie o actor – mesmo que a sua performance não seja boa.
Por exemplo, se um actor tem um faux pax esquecendo o que tem para dizer, espera-se que o público mostre tacto – o público toma parte em acções que procuram “salvar a face”. Pode ignorar polidamente o falhanço ou até sustentá-lo.
Raramente o público critica abertamente um desempenho de papel. Afinal, podemos ser solidários com o actor porque somos também actores.
Desempenhos (representação)
As acções especificas do indivíduo perante um grupo de observadores (público) que se destina a obter junto desse público um determinado efeito (imagem de si), contando, à partida, uma exigêngia de credibilidade.
- Fachada : Constituida pelas circunstâncias sociais em que os indivíduos agem segundo papeis formalizados e codificados, organizando “representações cénicas”
- Bastidores : Constituido pelos espaços em que os indivíduos preparam os dispositivos cénicos e se preparam para a interacção que acontecerá no contexto mais formal da fachada
Fachada
A parte da representação do indivíduo que ele trabalha do modo fixo e generalizado. É um equipamento expressivo estandardizado que é usado mais ou menos voluntariamente durante a representação.
Quadro (cenário) : mobilia, ornamentos, equipamento físico – todos os detalhes do contexto que fornecem o cenário para as acções que acontecem no seu interior.
Fachada pessoal : o equipamento expressivo que identificamos estritamente com o próprio actor e que ele transporta consigo : sexo, raça, vestuário, aspecto,modo de falar, expressões faciais, gestos.
· O modo como a representação é “socializada”, formada e modificada de modo a ser adoptada à compreensão e às expectativas da sociedade na qual é apresentada.
· A socialização fornce-nos a uma base para actuar apropriadamente em qualquer situação, mas também uma frente ideal de cada situação específica.
· A idealização é uma reconfirmação das regras sociais e dos estereótipos implícitos.
Manutenção do controlo expressivo
· As apresentações “desacreditadas” causam:
- embaraço;
- hostilidade.
O problema dos gestos involuntários e das gaffes
- O actor transmite de forma acidental incapacidade ou incorrecção ao perder momentaneamente o controlo sobre si próprio: tropeçar, bocejar, flatulências